Mozambique elections: Zumbo residents flee to Zambia after gunshots fired by police – report

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Mozambique elections: Zumbo residents flee to Zambia after gunshots fired by police – report

3:21 CAT | 21 Oct 2019

Image: Jornal Txopela

The bodies of a Renamo leader and her husband who were shot dead were buried this Saturday in the municipality of Zumboa in Tete. Shots fired to prevent a Renamo meeting led to panic.

The small village of Zumbo in Tete province, north-western Mozambique, has been in a state of high tension in recent days following the murder of a Renamo Women’s League leader and her husband. The two had been missing since the day before Tuesday’s election, their bodies being found on Thursday with bullet wounds.

On Friday night, during the wake for Babula Francisco and her husband, gunshots were again heard, prompting part of the population to flee across the Zambezi River seeking refuge in neighbouring Zambia.

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O Público heard reports of these events from two different sources, including a Zumbo election observer who asked not to be identified for fear of retaliation. According to the latter, events unfolded between one and two in the morning, after the bodies of the Renamo leader and her husband had arrived to be waked.

“All the people were gathered for the arrival of the bodies. At first there was a lot of excitement, but everything had calmed down,” the observer explained.

According to the other source, Renamo members in the municipality were preparing to hold a meeting when police fired shots into the air to prevent the meeting from taking place. The shooting, coupled with the story of the killing of Babula Francisco and her husband, has caused many people to panic and flee across the Zambezi River to Zambia.

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Zumbo municipality is Mozambique’s westernmost point and is situated at the confluence between the western Zambezi rivers and its tributary the Luangwa, in a three-way border area with Zambia and Zimbabwe.

In Tuesday’s elections, Frelimo, the ruling party, registered levels of support in Zumbo similar to those usually seen only in single-party states, and among the highest in the whole country. President Filipe Nyusi, who is running for a second term, obtained 88.5% of the vote, yet fell short of the party’s result for the Assembly of the Republic, where Frelimo got more than 90% of the vote. As for the provincial assembly, the final count gives Frelimo 89.4%.

Abnormally high numbers for the party that has ruled Mozambique for 44 years, in a province where, until these elections, the electorate was generally very divided. The level of support that Filipe Nyusi and Frelimo achieved in Tete generally presupposes a complete change in the electorate’s political opinions.

By António Rodrigues

Moçambique: habitantes do Zumbo fogem para a Zâmbia depois de tiros da polícia

Corpos de líder da Renamo e do marido, assassinados a tiro, foram a enterrar este sábado no município de Tete. Tiros disparados para evitar concentração de dirigentes da Renamo leva ao pânico. Nyusi ganhou agora com 88,5% uma província que tinha perdido em 2014.

A pequena vila do Zumbo, na província de Tete, noroeste de Moçambique, tem estado agitada nos últimos dias, depois do assassínio da líder da Liga Feminina da Renamo no município e do marido. Os dois estavam desaparecidos desde a véspera das eleições de terça-feira e os seus corpos foram encontrados na quinta-feira com marcas de balas. Na sexta-feira à noite, voltaram a ouvir-se disparos quando os corpos de Babula Francisco e do marido estavam a ser velados e parte da população atravessou o rio Zambeze, procurando refúgio na vizinha Zâmbia.

O PÚBLICO ouviu o relato dos acontecimentos de duas fontes diferentes, incluindo um observador eleitoral do Zumbo que pediu para não ser identificado por receio de retaliações. De acordo com este último, tudo teria acontecido de madrugada, entre a uma e as duas da manhã, já depois dos corpos da líder da Renamo e do marido terem chegado para serem velados.

“Todo o povo estava concentrado, quando os corpos chegaram. A princípio, houve muita agitação, mas já tinha tudo acalmado”, explicou o observador.

De acordo com a outra fonte, os membros da Renamo no município preparavam-se para fazer uma reunião, quando a polícia disparou tiros para o ar, de forma a evitar que a reunião se fizesse. Os tiros, aliados à história da morte de Babula Francisco e do marido, terão levado muitas pessoas a entrar em pânico e a fugir para a Zâmbia, que está logo ali, do outro lado do rio Zambeze que marca a fronteira natural entre os dois países.

O município do Zumbo é o ponto mais ocidental de Moçambique e está situado na confluência entre os rios Zambeze, que vem do ocidente, e o seu afluente Luangwa, numa zona de triple fronteira com a Zâmbia e o Zimbabwé.

Nas eleições de terça-feira, a Frelimo, o partido no poder, obteve no município das votações mais altas que registou em todo o país, com níveis de apoio semelhantes a países de partido único. O Presidente Filipe Nyusi, que se recandidata a um segundo mandato, obteve 88,5% dos votos, mesmo assim ficou aquém do resultado do partido para a Assembleia da República, onde a Frelimo conseguiu mais de 90% dos votos. Para a assembleia provincial, os números finais de apuramento dão um resultado também próximo dos 90%, mais concretamente 89,4%.

Números anormalmente altos para o partido no poder há 44 anos em Moçambique, numa província onde até estas eleições o eleitorado se dividia muito. Num país onde as organizações da sociedade civil calculam a taxa de participação do eleitorado em torno de 50%, a província de Tete surge apenas com 9,8% de abstenção.

Além da taxa de participação excepcionalmente alta, quando comparado com o histórico das eleições anteriores, o nível de apoio quase norte-coreano que Filipe Nyusi e a Frelimo alcançaram pressupõe uma mudança completa nas opções partidárias do eleitorado de Tete.

Nas eleições de 2014, Nyusi só conseguiu ali 46% dos votos, tendo perdido para o então líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que morreu no ano passado. Para o Parlamento nacional, os dois partidos dividiram os 22 mandatos a meio, com 11 deputados eleitos por cada uma das formações políticas.

Source: O Público