Mozambique wants to strengthen cooperation with African and Middle Eastern countries
DW / File photo
The death of Afonso Dhlakama has profound implications throughout the national political process, says Mozambican governance expert Silvestre Baessa. A climate of uncertainty is the result.
Afonso Dhlakama, leader of RENAMO, Mozambique’s largest opposition party
The leader of the largest opposition party in Mozambique has died at a sensitive political moment in the country, as his Renamo party and the Frelimo government reach consensus in the two-party peace talks. The negotiating process was being led personally by Dhlakama and the Mozambican president Filipe Nyusi.
DW Africa spoke to Mozambican governance expert Silvestre Baessa about it.
DW Africa: What does the death of the Renamo leader mean in the context of peace negotiations?
Silvestre Baessa (SB): This death has profound implications throughout the national political process. First of all, a fundamental player is lost. I think that in the past three years the efforts of the Renamo president in search of an effective peace became clear once again. The agreement that has been signed is the result of his great commitment, and extremely difficult for a leader, a major player, let us say, in his circumstances and in the negotiation process, to have managed to a certain extent to control the process and achieve the progress we are celebrating today, regardless of any criticisms that can be made of the proposal.
On the other hand, this player having left the scene, and knowing the history of Renamo, I do not believe he will have thought of a successor who can easily and quickly follow up on this. I think that this will be a great challenge, and President Nyusi will very much feel the absence of the leader, because Afonso Dhlakama was his greatest ally in this ambitious peace project within the party itself and society as a whole. Without Dhlakama, of course there is a climate of uncertainty in the country. I think the most immediate reaction will be to suspend this whole negotiation process. I think Renamo will need to take the time to align its ideas, although the matter has already been on the negotiating table and in Parliament and everything indicates that in the near future we would have a final decision from Parliament. I believe that death opens up two possibilities: both a weakened Renamo now, and also a dangerous one without a leader capable of establishing control.
DW Africa: Can we say that this is one of the risks of personalising matters of national interest?
SB: Without a doubt. All this negotiation process was made, on the one hand, by the state president in the city with a whole dialogue and support team, and then we had the leader of Renamo isolated in the woods, having difficulties communicating with the Renamo political wing, so I believe that the terms of the agreements have been very personalised, and it is natural that within Renamo at the moment there are not many people who understand how was it reached and what is implicit in each of the points of the agreement. So this is one risk associated with the personification of power, but it was the only possible agreement within the existing conditions. Dhlakama continued to exploit his greatest asset, which was to maintain an armed force and, to do so, he had to remain out of the cities, where he would have had contact with the political wing of Renamo, which would now have been better informed about the advances on that [same] agreement.
“Morte de Dhlakama pode desencadear a suspensão do processo negocial de paz”
A morte de Afonso Dhlakama tem implicações profundas em todo o processo político nacional, considera Silvestre Baessa. Para o especialista em boa governação instala-se assim um clima de incerteza no país.
O líder do maior partido da oposição em Moçambique morre num momento político delicado no país, em que o seu partido RENAMO e o Governo da FRELIMO estão a alcançar consensos no contexto das negociações de paz que opõe as duas partes. O processo negocial estava a ser liderado pessoalmente por Dhlakama e o Presidente moçambicano Filipe Nyusi. A DW África conversou com especialista moçambicano em boa governação, Silvestre Baessa sobre o assunto.
DW África: O que pode representar a morte do líder da RENAMO no contexto das negociações de paz?
Silvestre Baessa (SB): Essa morte tem implicações profundas em todo o processo político nacional. Primeiro perde-se um ator fundamental, penso que nos outros anos ficou claro que o esforço do presidente da RENAMO em busca de uma paz efetiva e o Acordo que se assinou resulta muito do seu empenho. As condições em que se encontrava extremamente difíceis que um líder, um ator principal num processo tenha conseguido em certa medida controlar esse processo e fazer o encaminhamento do qual hoje celebramos, com todas as críticas que se podem fazer em relação à essa proposta.
Por outro lado, este ator saindo de cena e conhecendo a história da RENAMO não estou em crer que o presidente tenha pensado num substituto, que possa facilmente e rapidamente dar seguimento a isto. Penso que isso há-de ser um grande desafio, o próprio Presidente da República vai sentir muito a ausência do líder, até porque Afonso Dhlakama era o seu maior aliado neste projeto de paz ambicioso dentro do próprio partido e da sociedade para a realização deste Acordo. Sem esta figura naturalmente instala-se um clima de incerteza no país. Penso que a reação mais imediata vai ser a suspensão de todo este processo negocial. Acho que a RENAMO vai precisar de ter o seu tempo para alinhar as suas ideias, apesar do assunto já estar na mesa de negociações e no Parlamento e tudo indicar que nos próximos tempos teríamos uma decisão final do Parlamento. Creio que a morte abre duas possibilidades: tanto uma RENAMO fragilizada agora, mas também perigosa sem líder que tenha capacidade de estabelecer o seu controlo.
DW África: Podemos considerar que este é o risco de se personalizarem assuntos de interesse nacional?
SB: Sem dúvida. Todo esse processo negocial foi feito a partir, por um lado pelo Presidnete da República na cidade com toda uma equipa de contacto, de diálogo, de apoio, e depois tínhamos o líder da RENAMO isolado nas matas com dificuldades de comunicação com a parte política da RENAMO, mas estou em crer que os termos como se chegaram aos acordos foram muito personalizados, então é natural que dentro da RENAMO neste momento não haja muita gente com o conhecimento suficiente para perceber como é que se chegou [ao Acordo] e o que é que está implicíto dentro de cada um dos pontos do Acordo. Então, é um risco que se corre com a personalização do poder, mas era o Acordo possível dentro das condições existentes. Ele continuava a explorar o seu maior trunfo que era manter uma força armada e que para tal tinha de estar fora do contacto mais urbano, onde ele teria todo o contacto, onde a RENAMO política teria um contacto maior e estar melhor informada sobre os avanços nesse Acordo.
Leave a Reply
Be the First to Comment!
You must be logged in to post a comment.
You must be logged in to post a comment.